Eram só crianças...
Os punhos cerram-se e os lábios ficam apertados
Vários músculos do corpo se movimentam, retesam-se
A mente tenta conter o físico a não explodir
Mas algumas lágrimas teimam em se formar
Essa pode ser uma descrição simplória, limitada
Mas foi o mínimo que a emoção causou.
Emoção de ver todas aquelas crianças mortas, fotografadas
Expostas para o mundo em mais um ato de terror
Não é o momento de julgar, analisar ou expor os motivos
É um momento de tristeza e revolta por si só
Vidas tão jovens, desperdiçadas, estraçalhadas
Como nas guerras, nos ataques de fúria, nos ataques covardes
Seus olhos entreabertos, rostos assustados
Feições apavoradas, com medo da morte
Que chegou com tiros nas costas, e explosões suicidas
As reações físicas voltam a se manifestar
Enquanto escrevo, e luto para não chorar
Seria uma coisa difícil até mesmo para se imaginar
Mas uma realidade que temos de enfrentar
E superar.
Mas como superar tamanho ódio e desrespeito pela vida?
Como ir dormir com a imagem daquelas crianças deitadas no chão?
Até mesmo a poesia perde sua beleza frente a tal atrocidade
Trocaria mil rimas, centenas de versos, milhões de poemas
Por uma daquelas vidas, uma única e simples vida
Infelizmente, isso não é um programa de TV
Não temos a máquina do tempo, a mocinha que volta um dia
Nem o pacifismo, nem o bom senso
Vivemos num mundo caótico, violento e cada vez mais triste
E nada trará aquelas vidas de volta
A TV insiste em desvalorizar a vida
Alguns shows incutem a vã idéia de que podemos voltar
Mas, na realidade, só nos resta chorar e lamentar
Eram só crianças, só crianças...
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