quarta-feira, novembro 06, 2002

O Bardo

O coração do Bardo respondia a um chamado
Nas distantes terras do Ulster sua habilidade era requisitada
Sua razão era desconhecida, mas ao Bardo só restava iniciar sua jornada
Caminhou então, em direção ao norte, seguindo o desejo de seu coração desesperado

Guerra e tristeza foi o que encontrou
Pois o coração dos homens clamava por luta e vingança
E o sangue continuava a jorrar frente a tamanha matança
Ao chegar, depois de muito pesar, o Bardo não acreditou

Seu coração alertou-o sobre o fim de seu caminho
Nem jovem, nem velho, nem homem, nem mulher escapava da guerra
Para ele era claro que era chegado o fim de uma era
Mas só o que fez foi pensar em todos com carinho

Sentou-se numa pedra e começou a tocar e cantar
Ao fundo ouvia-se apenas as espadas e lanças a ecoar
Sua música aumentou e com ela as batidas de seu coração
Atingidos por tão sincera melodia, espada e lança baixaram perante a canção

Depois de muito tempo, o clangor das armas perdeu seu poder
As palavras do Bardo superavam o mais hábil dos guerreiros
Todos cairam como que por um feitiço que parecia nunca esmorecer
Sua canção aumentava cada vez mais, mas apenas para encontrar mais e mais lugares em que ela tivesse significado

E, bravamente, o Bardo entoava suas histórias e instaurava a paz
Do interior do que seria a última chacina veio a Luz
Dentro de um belo vestido azul estava a imagem capaz de esmorecer o impeto do rapaz
Mas nem mesmo essa visão o fez desistir de sua missão
De ao outros mostrar a compaixão mesmo que para isso perdesse seu coração

E assim foi até que a última das batalhas tivesse acabado
E seu valente coração o abandonado
Lá deitou o Bardo, nos braços daquela que o convocara
Para que de suas palavras viesse uma nova era

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