O Império Contra-Ataca: realidade ou ficção?
Um poderoso império teve seu âmago ferido. Uma pequena força de oposição destruiu seu maior símbolo de dominação num ataque inesperado e ousado. O choque foi forte, mas seu comandante mais radical não pensou duas vezes em reunir uma poderosíssima força militar e atacar os “agressores” com mão de ferro e no território inimigo. Para alcançar seu objetivo, os líderes do grande império não pouparam esforços e muito menos pensaram em suas perdas, afinal, tropas servem para isso mesmo atacar e, de vez em quando, morrer. Depois de um bombardeio potente, a invasão por terra começa. O ataque foi impactante, mas e o resultado?
Na tela de cinema, ou no VHS, sabemos que Darth Vader foi bem-sucedido em seu assalto a Hoth. A base Echo caiu e a Aliança Rebelde foi expulsa de seu maior esconderijo. A perseguição continuou em vários outros planetas e a obstinação de Vader era tamanha que ele não poupava nem mesmo os poderosos Imperial Star Destroyers de serem destruídos na caçada à Falcon de Han Solo. Infelizmente, hoje em dia, as telas de TV não mostram as magníficas cenas de O Império-Contra Ataca, criado por George Lucas e maravilhosamente dirigido por Irvin Kersner. O que vemos nos noticiários diários também é guerra, mas não nas estrelas. Ela acontece no deserto e nem mesmo podemos considerar como Tatooine, já os habitantes do Iraque são muito mais numerosos e nenhum deles é figurante de cinema.
É impressionante a semelhança entre o roteiro de George Lucas e os acontecimentos que motivaram o início deste grande conflito que, mesmo que indiretamente, envolve a todos os cidadãos do mundo.
Para alguns pode parecer forçar a barra, mas fica muito fácil fazer alguns paralelos entre Guerra nas Estrelas e a Guerra no Iraque. 
- Ataque às Twin Towers / Ataque à Estrela da Morte: inesperado e quem atacou venceu.
- Invasão do Afeganistão / Yavin: os Impérios tomaram a base mais óbvia, e, obviamente, os rebeldes fogem sem grandes perdas.
- Vader / Bush resolve montar uma operação gigantesca para encontrar a base dos rebeldes/terroristas: a frota Imperial e as forças de coalizão são irmãs gêmeas, mas é possível que Bush tenha conseguido mais homens que Veers e Vader.
- O bombardeio dos destróieres à Base Echo: alguma semelhança com Bagdá?
- Vitória: Vader atingiu seu objetivo, mas os Rebeldes deram trabalho e destruíram muitas tropas e veículos da força de ataque. Eventualmente, Bush deve tomar Bagdá, mas as baixas anunciadas pelos jornais não são Snowtroopers que se levantam após o fim da cena.
Quando minha geração era criança, as únicas guerras que víamos eram nos filmes. Soldados da Segunda Guerra disputavam no tapa o espaço com os veteranos do Vietnã e com os ingleses e franceses que lutavam contra árabes e africanos em suas guerras imperialistas. Logo em seguida vinham os alienígenas, membros da Frota Estelar e as tropas do Império de Palpatine. Tudo muito violento, mas com limites e com a certeza de o mocinho ganhar no final. Hoje em dia, porém, ninguém sabe se os EUA estão no papel do mocinho. Não que Saddam seja uma pessoa honrada, mas ninguém tem o direito de dizer quem vive e quem morre nesse mundo. Os norte-americanos gostam disso. Eles mandam seus próprios cidadãos para a cadeira elétrica, que mal há em mandar um iraquiano para o outro mundo?
Para desespero de todos os diretores que se aventuram no gênero da Guerra, George Bush superou a todos, já que enquanto Spielberg levou meses para concretizar o grande O Resgate do Soldado Ryan, o chefe da Casa Branca proporciona entretenimento ao vivo para o mundo. É a guerra moderna, em tempo real em nossas salas de estar e na Internet. O Sr. Bush só cometeu um erro nessa história toda: foi um mal diretor e mostra apenas um lado de tudo. No roteiro de Collin Powell, os iraquianos são monstros famintos, incapazes de lutar e vítimas de um sistema cruel. Na realidade, na guerra que o mundo assiste, eles são soldados que lutam por suas vidas e festejam sobre seus prisioneiros e vitórias. Mas vitórias? Na coletiva de imprensa mundial de anúncio do novo filme, o diretor anunciou que seria tudo muito rápido e indolor para seus Capitães América.
Um dos grandes méritos de Guerra nas Estrelas é mostrar um mundo duro de se viver para muitas raças. De apresentar um Império agressivo e ditatorial que rege na base do medo e da intimidação (curioso, o nome da primeira fase da campanha de Bush era justamente esse ‘Shock and Awe” – medo e intimidação). Este mundo porém, contém os sonhos e ideais de um homem de bem: George Lucas. Em sua criação, Lucas mostra tudo isso, toda a dor, toda a injustiça mas mostra a todos que a igualdade pode ser alcança. Talvez não como Roddenbery visualizou, mas algo próximo. Vader – o grande responsável por tanta morte e destruição – redime-se e a ordem é restabelecida, pois sua bondade inicial vista em Anakin ainda o acompanhava, escondida e diminuta, mas estava lá. 
Bush, por outro lado, está mais para Palpatine do que para qualquer outro personagem. Insano. Agressivo. Decidido a atingir um objetivo, mas isso só ele sabe.
Enquanto a TV mostra a guerra ao vivo, e os jornais anunciam baixas em ambos os lados, a melhor coisa é abrir uma trilogia, colocar a fita de O Império Contra-Ataca e, mais uma vez, torcer pelos Rebeldes e aguardar ansiosamente pela “notícia” que Vader dará a Luke. E com isso, pensar que o mundo – durante 50 anos – viu guerra somente no mundo da ficção e do cinema. E desse vez não há Yoda para, num momento de desespero, dizer: There is another... [hope].
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