Pedágio Obrigatório
Seguindo as regras e normas que a todos atingiam naqueles dias mecanizados e sem identidade, o empregado entrou em seu carro automático e, como fazia desde a primeira vez que se lembrava ter seguido aquele ritual, olhou para o botão vermelho no centro do veículo. Os dizeres "Aperte Somente em Extrema Urgência e Aguarde Auxílio das Autoridades" tomaram sua mente com uma infinidade de possibilidades, que se apresentavam como um livro que se escrevia e reescrevia ininterruptamente. 
O carro tomou seu caminho em direção ao grande prédio.
Ele sabia o caminho, e sua mente narrava cada novo prédio que surgiria no horizonte, cada carro que estaria a seu lado, onde e como deixariam a estrada. Tudo automatizado. Tudo igual. Sempre.
E o pedágio obrigatório aproximava-se. Quem precisasse passar por ele deveria apresentar seu código de barras para autorizar a passagem.
A saída do empregado era a primeira logo depois do pedágio, assim como a da maioria das pessoas que seguiam suas vidas pré-determinadas.
Ao ver a entrada, um raro brilho do Sol tocou o botão vermelho e chamou sua atenção.
Ele viu que apenas um carro, diferente dos demais, seguia em frente. Ele nunca havia notado isso.
Por um motivo que ainda hoje não lhe é claro. Ele pressionou o botão.
Sirenos dispararam e uma mensagem surgiu no monitor a sua frente: Sistema Manual acionado.
Ele assumiu os controles.
Seguiu em direção ao desconhecido e nunca mais passou pelo pedágio obrigatório.
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