segunda-feira, junho 12, 2006

A Batalha Política no Espaço

Distanciando-se de vez de sua versão original, Battlestar Galactica aposta na trama polícia pontuada por boas seqüências de ação para reforçar seu enredo.

Para quem tinha dúvida, ou críticas, sobre as novidades inseridas no roteiro da série Battlestar Galactica, exibida pela TNT, às terças-feiras, às 23h, a segunda temporada deixou tudo muito claro. Até demais. Ao aproximar os cilônios da forma humana e olhar para detalhes sociais ligados aos sobreviventes das 12 Colônias de Kobol, o seriado parte para a arena política e social, em vez de focar numa grande seqüência de combates espaciais, o que era esperado por muitos entusiastas.

A presença cada vez mais constante de Tom Zarek (Richard Hatch) no cenário político, as constantes ameaças feitas pela Número 6 ao vice-presidente Gaius Baltar e as crescentes situações de tensão entre a população civil e a tripulação da Galactica tem sido a tônica desta segunda temporada. Muito mais que fugir da perseguição dos cilônios, controlar as pessoas e manter a união e a esperança parece mais difícil, especialmente depois de várias notícias como, por exemplo, a tentativa de assassinato ao comandante Adama, acusações contra oficiais e a aceitação de Laura Roslin como uma figura messiânica que será capaz de levar os sobreviventes à 13ª Colônia: a Terra. Mas, ao contrário de outros líderes, ela coloca-se em risco e participa das missões mais arriscadas, como uma incursão em Kobol para descobrir o verdadeiro caminho para o nosso mundo.

Sem inovar, entretanto, a produção aproveita fórmulas de sucessos de outros seriados de longa duração e aplica alguns de seus elementos à trama. No episódio Final Cut, por exemplo, a atriz Lucy Lawless (Xena) é a personagem principal num típico roteiro de “invasão da imprensa”, para contar as verdades do braço militar da frota. Quem acompanhava Babylon 5 vai se lembrar de quando a estação foi mostrada como um lugar decadente e mortal por conta de interesses políticos. O resultado em Galactica não é o mesmo, mas a semelhança é inevitável. O que vale mesmo é a revelação da cena final, e a chegada de um novo cilônio infiltrado: a própria Lucy, que tem o apoio da presidente Laura Roslin. Aos poucos, todos os modelos cilônios vão sendo revelados.

Outro capítulo que vale menção é Scar. Quem acompanhou o breve, mas interessante, seriado Comando Espacial (Space Above and Beyond), que era exibido pela Record ao lado de Arquivo X pode se lembrar de um episódio na qual o principal inimigo era uma espécie de Barão Vermelho assassino. Aqui, Starbuck, que já teve um episódio dedicado à relação com um caça inimigo – refilmagem de um dos capítulos da série original – se vê diante de um inimigo que vem dizimando seu esquadrão. Um ponto bem positivo para os amantes da ação.

Aproveitando a onda de medo e preocupação na população norte-americana, menções ao terrorismo e a tendências racistas têm surgido aos montes. Até mesmo o Chefe Tyrol foi encarcerado sob suspeita de ser um cilônio, enquanto Starbuck descobre que as máquinas estão implantando bebês cilônios em mulheres humanas nos planetas ocupados. Aliás, a tenente Kara Starbuck tem sido o foco de boa parte dos episódios. Ela encontra um foco de resistência humana e, finalmente, coloca, literalmente, Lee Adama contra a parede.

Parece que os produtores encontraram a dose certa de drama e ação para esta nova série, que, cada vez mais, ganha sua própria mitologia e sustentabilidade, já que conta apenas com elementos, nomes e lugares da primeira série. O resultado é de primeira linha e, não fossem as legendas, poderia ser considerado praticamente perfeito para os dias de hoje.

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