segunda-feira, junho 11, 2007

A Chegada de Samildanach

*Algunas pessoas vão entender, outras não, mas tudo bem. Achei, sem querer, e comecei a ler, só lembrei que era meu depois que terminei. Data de 2002. Boa jornada!*

Mais um ciclo estava por terminar. O ânimo era imenso entre os habitantes de Tara, já que os preparativos para o Samhain haviam começado e a grande noite estava prestes a chegar. Muitos deles aguardavam ansiosos, já que essa seria sua primeira celebração efetiva - ah, crianças, tão meigas e cheias de vida, e já felizes em celebrar os rituais da nossa Terra . Algo deveras agradável.

Com isso, o buburinho era ininterrupto. Pessoas agitadas, crianças em algazarra, sacerdotes tomando suas precauções e, enfim, todos fazendo o que precisava ser feito. Num dos intervalos dos turnos de trabalho na grande tenda, três amigos sentavam-se à beira de uma grande mesa - fartamente abastecida com um leitão e canecas de cerveja - enquanto conversavam em sua hora de descanso.

Manannan, como de costume, contava suas antigas histórias sobre os deuses, batalhas contra invasores e até mesmo contra enormes animais que o atacaram, certa vez, numa grande floresta ao sul de Tara. A seu lado, Caer, sua grande amiga e Guleesh, um rapaz quem ele havia conhecido há pouco tempo em suas andanças pela Ilha Esmeralda. Todos riam, como faziam todos os dias, enquanto permaneciam dentro dos muros da abençoada colina.

E a amizade entre eles prosperava. Manannam e Caer eram grandes sábios sempre dispostos a dividir seu conhecimento e a guiar pessoas como Guleesh, que, em pouco tempo, tornou-se muito caro a eles. Suas façanhas eram conhecidas em vários lugares, mas a verdadeira profundidade de sua amizade, ainda era segredo mesmo para os grandes intelectos da ilha.

Um deles, porém, conhecia a força desse simples e alegre trio, já que a chegada de Guleesh foi um claro sinal da formação de uma intensa irmandade. E, enquanto eles se divertiam, uma figura encapuzada aproximava-se do portão principal da fortificação. Com um leve aceno, ele foi admitido na cidade e dirigiu-se em direção à grande tenda.

Ainda na mesa, Manannan e Caer ouviam atentos à voz insegura de Guleesh ao pronunciar uma poesia redigida poucos dias antes. Eles eram um bom público, aliás, qualquer dupla que fosse formada ficava muito atenta ao que o terceiro elemento dissesse. Era o momento mágico que só eles tinham consciência. E eram felizes por isso.

Quando Guleesh terminou sua leitura, porém, não foram os brados de Manannan que ele ouviu, mas sim uma risada baixa, mas penetrante que chegou a seus ouvidos acompanhada pelo som de duas palavras saídas de uma voz rouca: “Sem palavras”.

Ao ouvir isso, Manannan e Caer saltaram - quase derrubando a mesa, diga-se de passagem - e olharam para o estranho encapuzado. Guleesh ficou meio perdido e, quando pode virar-se, viu os dois amigos a seu lado - todos encarando o recém-chegado.

Assim que analisou o homem mais cuidadosamente, um leve sorriso surgiu na face de Manannan. Caer nutria suas suspeitas, mas não quis se precipitar. Então, foi o mais velho quem disse: “Quem és e porque disfarça tua voz, assim como tua face?”. Dizendo isso, Manannan cruzou os braços e lançou um bonachão sorriso. Ele sabia de quem se tratava.

Caer repetiu as mesmas palavras e entendeu a feição do amigo. Como se esperando a manifestação do mais moço, o estranho olhou para Guleesh, que pode ver seus olhos mesmo por baixo dos farrapos. “Tuas palavras representam aprovação ou desgosto, estranho? ”, indagou o jovem.

Caer não resistiu e caiu na gargalhada ao notar a expressão preocupada de Guleesh. Manannan deu um forte tapa na cabeça do garoto e foi acompanhado por Caer e também pelo estranho em outra grande gargalhada. Guleesh não entendia nada, mas isso duraria pouco.

“E você ainda precisou me indagar, seu velho cabeça-dura?”, perguntou o estranho a Manannan.
Todos riram novamente. Menos Guleesh, que estava perdido.

“Guleesh, meu amigo, este é Samildanach. Se há algum mistério que essa terra guarde e do qual eu não fiz parte, se há alguma lembrança que essa terra possui e que não te contamos, e se há alguma boa cervejaria que eu não conheça pergunte a ele. Você encontrará a resposta, mesmo que não diretamente, mas encontrará. Principalmente se falamos de cerveja!”, explicou Manannan. Samildanach meneou a cabeça na direção ao jovem. Sua face era menos grave e o esboço de um leve sorriso já surgia em seus lábios.

Em instantes, todos gargalhavam sobre o ocorrido. Sentaram-se à mesa e começaram a conversar, afinal de contas, havia muito a ser dito. Dois grandes amigos estavam sedentos por novidades do velho mentor, e um jovem inspirado palpitava só de imaginar tudo que aprenderia com o recém-chegado, que, sem dúvida, em breve, seria mais um grande amigo.

Mais um amigo da Colina de Tara, o lugar onde a inspiração toma forma, a alegria ganha rima, a tristeza se aprofunda e ganha beleza, e a beleza é enaltecida e sendo transformada em uma bela homenagem à Terra.

4 comentários:

The Jedi Master disse...

quem são os personagens... alguns imagino outros to na duvida

Barretão disse...

Quem vc imagina?
Um sou eu, outro é o Kadu.. :p

The Jedi Master disse...

mas e o estranho? ele que nun "sabo"

Barretão disse...

o outro é o Claudio Crow..

como é um encontro de druidas, já viu.. hehe