domingo, junho 10, 2007

Você e seus 50 anos

Sempre quis ser pai. Nunca soube muito bem o motivo.
Só sei que sempre tive essa idéia. Esse desejo.
Descobri a resposta para isso há alguns meses. Antes mesmo da Ariel nascer.
Parei para pensar no porquê de ser pai. Qual a razão disso tudo?
E uma imagem surgiu na minha mente.
Eu estava sentado em seus ombros, pai. No chuveiro, todo esticado tentando encostar na ducha. Não me lembro de palavras. Apenas dos sorrisos.
Sorri com a lembrança.
Depois, outro momento apareceu em meus pensamentos. Era uma hora de decisão. Quando tive que pedir demissão para apostar na minha vida. Mesmo sabendo que meu futuro não estava ao seu lado na gráfica, você, meu pai, disse que eu podia arriscar. “Eu te ajudo como puder”, foi o que você disse. Foi um ano duro aquele, mas nós dois batalhamos para dar tudo certo.
Pois é, foi difícil, mas decidimos juntos e funcionou direitinho.
E, então, lembrei de algo mais recente quando, num momento de dificuldade, foi você quem veio a mim perguntar sobre o que me angustiava. Chegou com aquele jeitão “meio sem-jeito”, mas perguntou e, mais uma vez, se ofereceu para me ajudar como só você sabe fazer.
Não vou mentir, algumas lágrimas já corriam em meu rosto.
Na verdade, eu nunca precisei pensar nessa vontade de ser pai por uma simples razão: eu já sabia a resposta. Você, meu pai, foi fantástico por mim e me guiou até o momento em que escrevo essa carta. Minha vida é pontuada pela lembrança de momentos contigo. Sejam eles tristes ou felizes.
Você e a mãe, meus pais, sempre estiveram lá por mim e por meus irmãos, assim como sei que sempre estarão pela minha filha.
Chega a ser poético pensar e escrever isso no aniversário de 50 anos, pai, meses depois de eu mesmo me tornar pai, justamente por causa das ótimas lembranças que você sempre me deu.
E sinto um orgulho danado por isso. Por você. Pelo que você fez. Pelo que você e a mãe lutaram.
Conheço pessoas que não se orgulham de seus pais. Que sequer gostam de falar sobre eles ou que vivem com medo e em guerra. Eu não. Eu falo para quem quiser ouvir que te amo e que tenho orgulho do homem honesto e bondoso que você é. Então, baiano, aí vão algumas palavras para você.

Papai

Lá do interior da Bahia veio esse maroto.
Que, tirando o gosto pela farinha, pouco tem de baiano.
Enfrentou a barra da cidade grande ainda garoto.
E logo começou a “vida de paulistano”.

Casou como se fosse Caetanear,
E trocou a boca de sino pelas fraldas lá em 78.
Passou aperto e encarou até greve.
Mas, nada impedia o homem de trabalhar.

Pai forte esse, sempre presente.
Pendurado na porta do ônibus todo dia.
Sonhando com um futuro melhor.
Trabalhando sem parar construindo a melhoria.
Foi homem de fibra, ensinando a pescar.
Nunca vacilou com a família, sempre em primeiro lugar.
Mostrou como ser homem certo e a perseverar.
E nunca deixa de viver com seu jeito simples e exemplar.

Se olho para trás, vejo seu sorriso.
Se encaro seu rosto, brinco com os cabelos brancos.
Se vislumbro seu futuro, estarei sempre lá.
Pois, sem ele, vida não há.

Meu pai, a mais sólida de todas as rochas.
Exemplo de honestidade.
Modelo de luta e perseverança.
O melhor pai que alguém pode ter.
Sem pompa ou circunstância.
Sem terno ou gravata.
Sempre simples e fala curta.
Apenas um homem.
Um homem bom, alegre e dedicado.
Meu pai. Meu herói. Minha vida.

Te amo com todas as forças.
Parabéns e até o aniversário de 100 anos!

2 comentários:

Anônimo disse...

Vc fez ele chorar e todos que estavam presentes se emocionaram com o seu texto.

São coisas assim, pequenos gestos que me fazem ter orgulho de estar ao seu lado... de ser sua esposa.

Te amo!

Sil disse...

Lindo e emocionante.

Que bom porder ler seus escritos novamente!

Amo você querido e lhe desejo tudo de bom em sua vida.

Beijos

Si